Mostrar mensagens com a etiqueta Alegorias da Vaidade. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Alegorias da Vaidade. Mostrar todas as mensagens
sábado, 5 de março de 2016
When I Am Laid in Earth
Gloriae Mundi
Alegorias da Vaidade,
Espelhos,
Henry Purcell,
Música,
Patricia Petibon
domingo, 23 de setembro de 2012
Femme et Chatte
Elle jouait avec sa chatte;
Et c'était merveille de voir
La main blanche et la blanche patte
S'ébattre dans l'ombre du soir.
Elle cachait - la scélérate!
- Sous ces mitaines de fil noir
Ses meurtriers ongles d'agate,
Coupants et clairs comme un rasoir.
L'autre aussi faisait la sucrée
Et rentrait sa griffe acérée,
Mais le diable n'y perdait rien...
Et dans le boudoir où, sonore,
Tintait son rire aérien,
Brillaient quatre points de phosphore.
Paul Verlaine
MULHER E GATA
Ela brincava com a gata
E era admirável ver as duas,
A branca mão e a branca pata,
Brincando à noite, na penumbra.
Ela escondia - a celerada!
- Sob as mitenes de fio escuro
As assassinas unhas de ágata,
Claras, cortantes, como um gume.
Fingia-se a outra adoçada
E retraía a garra afiada,
Mas o diabo nada perdia...
E no toucador retinia
O som de aéreas gargalhadas
E quatro pontos fosforesciam.
Tradução: Fernando Pinto do Amaral
Et c'était merveille de voir
La main blanche et la blanche patte
S'ébattre dans l'ombre du soir.
Elle cachait - la scélérate!
- Sous ces mitaines de fil noir
Ses meurtriers ongles d'agate,
Coupants et clairs comme un rasoir.
L'autre aussi faisait la sucrée
Et rentrait sa griffe acérée,
Mais le diable n'y perdait rien...
Et dans le boudoir où, sonore,
Tintait son rire aérien,
Brillaient quatre points de phosphore.
Paul Verlaine
![]() |
Jean Harlow |
MULHER E GATA
Ela brincava com a gata
E era admirável ver as duas,
A branca mão e a branca pata,
Brincando à noite, na penumbra.
Ela escondia - a celerada!
- Sob as mitenes de fio escuro
As assassinas unhas de ágata,
Claras, cortantes, como um gume.
Fingia-se a outra adoçada
E retraía a garra afiada,
Mas o diabo nada perdia...
E no toucador retinia
O som de aéreas gargalhadas
E quatro pontos fosforesciam.
Tradução: Fernando Pinto do Amaral
Gloriae Mundi
Alegorias da Vaidade,
Jean Harlow,
Paul Verlaine,
Poesia
quinta-feira, 28 de junho de 2012
Ícaro
“Never regret thy fall,
O Icarus of the fearless flight
For the greatest tragedy of them all
Is never to feel the burning light.”
Oscar Wilde
O Icarus of the fearless flight
For the greatest tragedy of them all
Is never to feel the burning light.”
Oscar Wilde
![]() |
Odilon Redon - Ícaro |
Gloriae Mundi
Alegorias da Vaidade,
Alegorias da Vida,
Odilon Redon,
Oscar Wilde
terça-feira, 29 de maio de 2012
Como o Sol
"Retirou-se, tentando não olhar para ela, como se ela fosse o sol, mas vendo-a, como ao sol, sem sequer olhar."
Leo Tolstoi, Anna Karenina
Leo Tolstoi, Anna Karenina
![]() |
Elizabeth Taylor em Doutor Fausto - 1967 |
Gloriae Mundi
Alegorias da Vaidade,
Elizabeth Taylor
sexta-feira, 13 de abril de 2012
Retrato de Uma Princesa Desconhecida
Para que ela tivesse um pescoço tão fino
Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule
Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos
Para que a sua espinha fosse tão direita
E ela usasse a cabeça tão erguida
Com uma tão simples claridade sobre a testa
Foram necessárias sucessivas gerações de escravos
De corpo dobrado e grossas mãos pacientes
Servindo sucessivas gerações de príncipes
Ainda um pouco toscos e grosseiros
Ávidos cruéis e fraudulentos
Foi um imenso desperdiçar de gente
Para que ela fosse aquela perfeição
Solitária exilada sem destino
Sophia de Mello Breyner Andresen
Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule
Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos
Para que a sua espinha fosse tão direita
E ela usasse a cabeça tão erguida
Com uma tão simples claridade sobre a testa
Foram necessárias sucessivas gerações de escravos
De corpo dobrado e grossas mãos pacientes
Servindo sucessivas gerações de príncipes
Ainda um pouco toscos e grosseiros
Ávidos cruéis e fraudulentos
Foi um imenso desperdiçar de gente
Para que ela fosse aquela perfeição
Solitária exilada sem destino
Sophia de Mello Breyner Andresen
Gloriae Mundi
Alegorias da Vaidade,
Poesia
quarta-feira, 14 de março de 2012
sábado, 17 de dezembro de 2011
Mundo é comédia
Dez figas para vós, pois com furtado
Consular nome vos chamais Prudência,
Se, fazendo co'o Mundo conferência,
Discursais, revolveis, e eis tudo errado!
Quem vos vir, Apetite, disfarçado,
Digno vos julgará de reverência;
E a vós, Ódio, por homem de consciência,
Vendo-vos tão sesudo e tão pesado.
Dois a dois, três a três e quatro a quatro,
Entram, de flamas tácitas ardendo,
Astutos Paladiões em simples Tróias.
Quem enganas, ó Mundo, em teu teatro?
A mi não, pelo menos, que estou vendo
Dentro do vestuário estas tramóias.
D. Francisco Manuel de Melo, soneto XI de A Tuba de Calíope, in Obras Métricas, tomo II
Baby of Macon, de Peter Greenway, 1993
Consular nome vos chamais Prudência,
Se, fazendo co'o Mundo conferência,
Discursais, revolveis, e eis tudo errado!
Quem vos vir, Apetite, disfarçado,
Digno vos julgará de reverência;
E a vós, Ódio, por homem de consciência,
Vendo-vos tão sesudo e tão pesado.
Dois a dois, três a três e quatro a quatro,
Entram, de flamas tácitas ardendo,
Astutos Paladiões em simples Tróias.
Quem enganas, ó Mundo, em teu teatro?
A mi não, pelo menos, que estou vendo
Dentro do vestuário estas tramóias.
D. Francisco Manuel de Melo, soneto XI de A Tuba de Calíope, in Obras Métricas, tomo II
Baby of Macon, de Peter Greenway, 1993
Gloriae Mundi
Alegorias da Vaidade,
Barroco,
Cinema,
D. Francisco Manuel de Melo,
Peter Greenway,
Poesia
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
Litanies of the rose
Rose with dark eyes,
mirror of your nothingness,
rose with dark eyes,
make us believe in the mystery,
hypocrite flower,
flower of silence.
Rose the colour of pure gold,
oh safe deposit of the ideal,
rose the colour of pure gold,
give us the key of your womb,
hypocrite flower,
flower of silence.
Rose the colour of silver,
censer of our dreams,
rose the colour of silver,
take our heart and turn it into smoke,
hypocrite flower,
flower of silence.
Remy de Gourmont
As rosas de Heliogabalo, Sir Lawrence Alma-Tadema, 1888
mirror of your nothingness,
rose with dark eyes,
make us believe in the mystery,
hypocrite flower,
flower of silence.
Rose the colour of pure gold,
oh safe deposit of the ideal,
rose the colour of pure gold,
give us the key of your womb,
hypocrite flower,
flower of silence.
Rose the colour of silver,
censer of our dreams,
rose the colour of silver,
take our heart and turn it into smoke,
hypocrite flower,
flower of silence.
Remy de Gourmont
As rosas de Heliogabalo, Sir Lawrence Alma-Tadema, 1888
Gloriae Mundi
Alegorias da Vaidade,
Poesia
quinta-feira, 7 de julho de 2011
Vanity
All is vanity, nothing is fair.William Makepeace Thackeray, Vanity Fair
Frank Cadogan Cowper, Vanity, 1907
Gloriae Mundi
Alegorias da Vaidade
domingo, 5 de junho de 2011
Narciso
Curvei, sobre o regato, o corpo todo...
Porém, mal entrevi o meu retrato,
que foi olhar e as águas do regato
se turbaram, manchadas do meu lodo.
Depois, cavei cá dentro com denodo;
perfumei-me de flores azuis do mato;
e, quando cri expulso o lodo inato,
mais uma vez curvei o meu corpo todo.
E as águas tardaram em toldar...
Mas debruço-me ainda, pois espero
que me hão-de um dia, claras, espelhar.
Tanto faz ver-me belo ou feio, então;
só cristalinas, límpidas, as quero,
prà tua sede antiga, meu Irmão.
Sebastião da Gama, Itinerário Paralelo
Porém, mal entrevi o meu retrato,
que foi olhar e as águas do regato
se turbaram, manchadas do meu lodo.
Depois, cavei cá dentro com denodo;
perfumei-me de flores azuis do mato;
e, quando cri expulso o lodo inato,
mais uma vez curvei o meu corpo todo.
E as águas tardaram em toldar...
Mas debruço-me ainda, pois espero
que me hão-de um dia, claras, espelhar.
Tanto faz ver-me belo ou feio, então;
só cristalinas, límpidas, as quero,
prà tua sede antiga, meu Irmão.
Sebastião da Gama, Itinerário Paralelo
Alejandro Cano Bolado
Gloriae Mundi
Alegorias da Vaidade,
Narciso
terça-feira, 3 de maio de 2011
A Vida
Cupid's Hunting Fields, Edward Burne-Jones, 1885
É vão o amor, o ódio, ou o desdém;
Inútil o desejo ou o sentimento...
Lançar um grande amor aos pés de alguém
O mesmo é que lançar flores ao vento!
Todos somos no mundo "Pedro Sem",
Uma alegria é feita dum tormento,
Um riso é sempre o eco dum lamento,
Sabe-se lá um beijo de onde vem!
A mais nobre ilusão morre... desfaz-se...
Uma saudade morta em nós renasce
Que no mesmo momento é já perdida...
Amar-te a vida inteira eu não podia.
A gente esquece sempre o bem de um dia.
Que queres, meu Amor, se é isto a vida!...
Florbela Espanca
Gloriae Mundi
Alegorias da Vaidade,
Alegorias da Vida,
Burne-Jones,
Poesia
sexta-feira, 29 de abril de 2011
Quando Ficares Velha
Quando ficares velha, grisalha e sonolenta
E te aqueceres à lareira, pega neste livro
E lê-o devagar, sonha com o olhar meigo
E com as sombras profundas outrora nos teus olhos;
Quantos amaram os teus momentos de feliz encanto
E a tua beleza com amor falso ou autêntico,
Além daquele homem que amou em ti a alma peregrina
E as tristezas que alteravam o teu rosto;
E curvando-te mais sobre a lareira ao rubro
Murmura, um pouco triste, como o Amor se foi
E caminhou sobre as montanhas lá no alto
E escondeu o rosto numa multidão de estrelas.
William Butler Yeats
E te aqueceres à lareira, pega neste livro
E lê-o devagar, sonha com o olhar meigo
E com as sombras profundas outrora nos teus olhos;
Quantos amaram os teus momentos de feliz encanto
E a tua beleza com amor falso ou autêntico,
Além daquele homem que amou em ti a alma peregrina
E as tristezas que alteravam o teu rosto;
E curvando-te mais sobre a lareira ao rubro
Murmura, um pouco triste, como o Amor se foi
E caminhou sobre as montanhas lá no alto
E escondeu o rosto numa multidão de estrelas.
William Butler Yeats
Delta of Venus Illustrated (1979), de Bob Carlos Clarke
Gloriae Mundi
Alegorias da Vaidade,
Bob Carlos Clarke,
Poesia,
Yeats
quinta-feira, 21 de abril de 2011
terça-feira, 12 de abril de 2011
Palco
All the world's a stage,
And all the men and women merely players:
They have their exits and their entrances;
(...)
William Shakespeare, As You like It
"Le Roi Danse", de Gérard Corbiau
Le Triomphe de l'amour - Prélude de la nuit, de Jean-Baptiste Lully
And all the men and women merely players:
They have their exits and their entrances;
(...)
William Shakespeare, As You like It
"Le Roi Danse", de Gérard Corbiau
Le Triomphe de l'amour - Prélude de la nuit, de Jean-Baptiste Lully
Gloriae Mundi
Alegorias da Vaidade,
Barroco,
Cinema,
Shakespeare
segunda-feira, 11 de abril de 2011
Ninguém é Deus sobre esta Terra
"Le Roi Danse", de Gérard Corbiau
Gloriae Mundi
Alegorias da Vaidade,
Barroco,
Cinema
A Vaidade dos Homens
A vaidade da grandeza parece que é mais subtil, e mais vã do que as outras vaidades, pois introduz o poder, e a autoridade, até no modo de pensar. (...)A vaidade pode enganar a cada um, pelo que respeita a si, mas não pode enganar a todos pelo que respeita a cada um. (...) Creia pois a grandeza o que quiser de si, porque também nós havemos de crer dela o que quisermos.
Reflexões sobre a Vaidade dos Homens, Matias Aires (1705 - 1763)
Le Bourgeois Gentilhomme - Molière
Gloriae Mundi
Alegorias da Vaidade,
Matias Aires,
Molière
quarta-feira, 9 de março de 2011
Thisbe
By Helen Gray Cone (1859 - 1934)
THE GARDEN within was shaded,
And guarded about from sight;
The fragrance flowed to the south wind,
The fountain leaped to the light.
And the street without was narrow,
And dusty, and hot, and mean;
But the bush that bore white roses,
She leaned to the fence between:
And softly she sought a crevice
In that barrier blank and tall,
And shyly she thrust out through it
Her loveliest bud of all.
And tender to touch, and gracious,
And pure as the moon’s pure shine,
The full rose paled and was perfect,—
For whose eyes, for whose lips, but mine!
THE GARDEN within was shaded,
And guarded about from sight;
The fragrance flowed to the south wind,
The fountain leaped to the light.
And the street without was narrow,
And dusty, and hot, and mean;
But the bush that bore white roses,
She leaned to the fence between:
And softly she sought a crevice
In that barrier blank and tall,
And shyly she thrust out through it
Her loveliest bud of all.
And tender to touch, and gracious,
And pure as the moon’s pure shine,
The full rose paled and was perfect,—
For whose eyes, for whose lips, but mine!
Thisbe, c. 1900
Gloriae Mundi
Alegorias da Vaidade,
Poesia
sexta-feira, 4 de março de 2011
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
Rainha de Copas
Condessa de Castiglione como Queen of Hearts, de Pierre-Louis Pierson, 1861-63
"E assim sou, fútil e sensível, capaz de impulsos violentos e absorventes, maus e bons, nobres e vis, mas nunca de um sentimento que subsista, nunca de uma emoção que continue, e entre para a substância da alma. Tudo em mim é a tendência para ser a seguir outra coisa; uma impaciência da alma consigo mesma, como com uma criança inoportuna; um desassossego sempre crescente e sempre igual. Tudo me interessa e nada me prende. Atendo a tudo sonhando sempre; fixo os mínimos gestos faciais de com quem falo, recolho as entoações milimétricas dos seus dizeres expressos; mas ao ouvi-lo, não o escuto, estou pensando noutra coisa, e o que menos colhi da conversa foi a noção do que nela se disse, da minha parte ou da parte de com quem falei. Assim, muitas vezes, repito a alguém o que já lhe repeti, pergunto-lhe de novo aquilo a que ele já me respondeu; mas posso descrever, em quatro palavras fotográficas, o semblante muscular com que ele disse o que me não lembra, ou a inclinação de ouvir com os olhos com que recebeu a narrativa que me não recordava ter-lhe feito. Sou dois, e ambos têm a distância – irmãos siameses que não estão pegados."
Fernando Pessoa
Gloriae Mundi
Alegorias da Vaidade,
Condessa de Castiglione,
Fernando Pessoa,
La Folia
La Castiglione
Virginia Elisabetta Luisa Carlotta Antonietta Teresa Maria Oldoïni (1837 – 1899), mais conhecida como La Castiglione, foi uma condessa italiana que ganhou notoriedade como amante do Imperador Napoleão III. Mas Virginia Oldoini foi também uma mulher singular para a sua época ao ter um papel significativo nos primórdios da história da fotografia.
Entre 1856 e 1895, a Condessa de Castiglione fez-se fotografar mais de 400 vezes pelo estúdio Mayer & Pierson, em Paris. E não se limitava a sentar-se quieta e deixar tudo nas mãos do fotógrafo, Pierre-Louis Pierson; era ela que decidia a pose e o cenário…
Entre as suas poses para a câmara contam-se uma freira, Medeia com uma faca, Beatriz, Judite a entrar na tenda de Holofernes, uma donzela afogada, Lady Macbeth sonâmbula, Ana Bolena, uma cortesã exibindo as suas pernas ou ainda um cadáver no caixão.

Antes de Claude Cahun ou Cindy Sherman, La Castiglione já fazia ficção fotográfica com a sua própria imagem, e muito antes do Surrealismo, já Virginia criava identidades alternativas e usava espelhos para fragmentar e multiplicar imagens. Era obcecada pelos olhos. Numa fotografia, intitulada ''Os Olhos'' ela segura um pequeno espelho afastando-o do seu rosto de modo a aparecerem só os seus olhos.
Nascida no seio de uma família aristocrata de Florença, casou aos 17 anos com o Conde de Castiglione. Foi um enlace infeliz; Virginia traiu-o e arruinou-o financeiramente. Separados em 1857, a Condessa viveu a maior parte da sua vida com o seu filho Giorgio, em Paris, e seduzindo homens ilustres.
A sua vaidade era tão ou ainda mais famosa quanto a beleza. Enviava álbuns dos seus retratos a amigos e admiradores. Não dirigia a palavra às mulheres e vivia completamente fascinada por si própria, segura de que os outros também assim viviam. Os seus cúmplices predilectos: os espelhos.
É difícil perceber quando é que o narcisismo degenerou em loucura mas quando o marido tentou tirar-lhe o filho, a Condessa usou a sua fotografia como uma espécie de vudu: enviou-lhe um retrato seu (intitulado Vingança) enquanto Medeia, com um olhar assassino e empunhando uma faca a escorrer sangue; Giorgio ficou com a mãe. À medida que envelhecia e perdia a beleza, começou a fotografar partes do corpo isoladamente. A uma fotografia indelicada do seu pé deu o nome de “Amputação do Gruyere”. O seu mais bizarro retrato é aquele em que o seu corpo está num caixão, parecendo a fotografia ter sido tirada próximo da sua cabeça.
Virginia teve como projecto de vida um registo fotográfico de experiências fora de si, melhor dizendo, da sua identidade e, por fim, do seu próprio corpo. La Castiglione parecia obcecada em saber como os outros a veriam. Nos últimos anos da sua vida, a Condessa viveu reclusa no seu apartamento, decorado a preto fúnebre, de reposteiros cerrados, sem espelhos, só saindo à noite, envolta em véus. Morreu aos 62 anos de idade.
Gloriae Mundi
Alegorias da Vaidade,
Condessa de Castiglione,
La Folia,
Narciso
Subscrever:
Mensagens (Atom)