Mostrar mensagens com a etiqueta La Folia. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta La Folia. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

"Oui, c'est la folie"

segunda-feira, 30 de maio de 2011

"Ofélia" de Arthur Rimbaud

Gaston Bussiere

Na onda calma e negra, entre os astros e os céus,
A branca Ofélia, como um grande lírio, passa;
Flutua lentamente e dorme em longos véus...
- Longe, no bosque, o caçador chamando  a caça...


Arthur Hughes

Mais de mil anos faz que a triste Ofélia abraça,
Fantasma branco, o rio negro em que perdura.
Mais de mil anos; toda noite ela repassa
À brisa a romanca que em delírio murmura.


Jules Joseph Lefebvre

Beija-lhe o seio o vento e liberta em corola
Os grandes véus nas águas acalentadoras;
Sobre os seus ombros o caniço à fronte sonhadora.


Arthur Hughes

Nenúfares feridos suspiram por perto;
Às vezes ela acorda; em vidoeiro ocioso
Um ninho de onde vem tremor de um vôo incerto...
- De astros dourados desce um canto misterioso...


Henry Nelson O'Neill

II

Morreste sim, menina que um rio carrega,
Ó pálida Ofélia, tão bela como a neve !
- É que algum vento montanhês da Noruega
Contou que a liberdade é rude, mas é leve;


Paul Steck

-É que um sopro, liberta a cabeleira presa,
Em teu espírito estranhos sons fez nascer
E em teu coração logo ouviste a Natureza
No queixume da árvore e do anoitecer.


William Waterhouse

- É que a voz do mar furioso, tumulto impávido,
Rasgou teu seio de menina, humano e doce;
- E em manhã de abril, certo cavalheirro pálido,
Um belo e pobre louco, aos teus pés ajoelhou-se.


Redgrave

E aí o céu, o amor : - que sonho, que pobre louca !
Ante ele eras a neve, desmaiado à luz;
Visões estrangulavam-se a fala na boca,
O Infinito aterrava os teus olhos azuis !


Alexandre Cabanel

III

- E o poeta diz que sob os raios das estrelas
Procuras toda noite as flores em delírio
E diz que viu na água, entre véus, a colhê-las
Vogar a branca Ofélia como um grande lírio.


John Everett-Millais

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Rainha de Copas

Condessa de Castiglione como Queen of Hearts, de Pierre-Louis Pierson, 1861-63

"E assim sou, fútil e sensível, capaz de impulsos violentos e absorventes, maus e bons, nobres e vis, mas nunca de um sentimento que subsista, nunca de uma emoção que continue, e entre para a substância da alma. Tudo em mim é a tendência para ser a seguir outra coisa; uma impaciência da alma consigo mesma, como com uma criança inoportuna; um desassossego sempre crescente e sempre igual. Tudo me interessa e nada me prende. Atendo a tudo sonhando sempre; fixo os mínimos gestos faciais de com quem falo, recolho as entoações milimétricas dos seus dizeres expressos; mas ao ouvi-lo, não o escuto, estou pensando noutra coisa, e o que menos colhi da conversa foi a noção do que nela se disse, da minha parte ou da parte de com quem falei. Assim, muitas vezes, repito a alguém o que já lhe repeti, pergunto-lhe de novo aquilo a que ele já me respondeu; mas posso descrever, em quatro palavras fotográficas, o semblante muscular com que ele disse o que me não lembra, ou a inclinação de ouvir com os olhos com que recebeu a narrativa que me não recordava ter-lhe feito. Sou dois, e ambos têm a distância – irmãos siameses que não estão pegados."


Fernando Pessoa

La Castiglione


Virginia Elisabetta Luisa Carlotta Antonietta Teresa Maria Oldoïni (1837 – 1899), mais conhecida como La Castiglione, foi uma condessa italiana que ganhou notoriedade como amante do Imperador Napoleão III. Mas Virginia Oldoini foi também uma mulher singular para a sua época ao ter um papel significativo nos primórdios da história da fotografia.


Entre 1856 e 1895, a Condessa de Castiglione fez-se fotografar mais de 400 vezes pelo estúdio Mayer & Pierson, em Paris. E não se limitava a sentar-se quieta e deixar tudo nas mãos do fotógrafo, Pierre-Louis Pierson; era ela que decidia a pose e o cenário…


Entre as suas poses para a câmara contam-se uma freira, Medeia com uma faca, Beatriz, Judite a entrar na tenda de Holofernes, uma donzela afogada, Lady Macbeth sonâmbula, Ana Bolena, uma cortesã exibindo as suas pernas ou ainda um cadáver no caixão.


 

Antes de Claude Cahun  ou Cindy Sherman, La Castiglione já fazia ficção fotográfica com a sua própria imagem, e muito antes do Surrealismo, já Virginia criava identidades alternativas e usava espelhos para fragmentar e multiplicar imagens. Era obcecada pelos olhos. Numa fotografia, intitulada ''Os Olhos'' ela segura um pequeno espelho afastando-o do seu rosto de modo a aparecerem só os seus olhos.


Nascida no seio de uma família aristocrata de Florença, casou aos 17 anos com o Conde de Castiglione. Foi um enlace infeliz; Virginia traiu-o e arruinou-o financeiramente. Separados em 1857, a Condessa viveu a maior parte da sua vida com o seu filho Giorgio, em Paris, e seduzindo homens ilustres.

A sua vaidade era tão ou ainda mais famosa quanto a beleza. Enviava álbuns dos seus retratos a amigos e admiradores. Não dirigia a palavra às mulheres e vivia completamente fascinada por si própria, segura de que os outros também assim viviam. Os seus cúmplices predilectos: os espelhos.


É difícil perceber quando é que o narcisismo degenerou em loucura mas quando o marido tentou tirar-lhe o filho, a Condessa usou a sua fotografia como uma espécie de vudu: enviou-lhe um retrato seu (intitulado Vingança) enquanto Medeia, com um olhar assassino e empunhando uma faca a escorrer sangue; Giorgio ficou com a mãe. À medida que envelhecia e perdia a beleza, começou a fotografar partes do corpo isoladamente. A uma fotografia indelicada do seu pé deu o nome de “Amputação do Gruyere”. O seu mais bizarro retrato é aquele em que o seu corpo está num caixão, parecendo a fotografia ter sido tirada próximo da sua cabeça.


Virginia teve como projecto de vida um registo fotográfico de experiências fora de si, melhor dizendo, da sua identidade e, por fim, do seu próprio corpo. La Castiglione parecia obcecada em saber como os outros a veriam. Nos últimos anos da sua vida, a Condessa viveu reclusa no seu apartamento, decorado a preto fúnebre, de reposteiros cerrados, sem espelhos, só saindo à noite, envolta em véus. Morreu aos 62 anos de idade.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Yo soy la locura


La Folia: Yo soy la Locura - Henri du Bailly (? - 1637)
voz de Montserrat Figueras

Yo soy la locura,
la que sola infundo
placer y dulzura
y contento al mundo.

Sirven a mi nombre
todos mucho o poco,
y no, no hay hombre
que piense ser loco.

domingo, 5 de dezembro de 2010

A Folia


Arcangelo Corelli: Sonata No.12 em d Menor, La Follia, Parte 1
Eduard Melkus- Violin
Capella Academica Wien 1973

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A Nau dos Insensatos

Hieronymus Bosch, A Nave dos Loucos,1503-1504

A nau dos insensatos é uma antiga alegoria muito usada na cultura ocidental. O mundo humano é visto como uma nau cheia de passageiros loucos, que nem sabem nem se importam para onde vão.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...