domingo, 27 de fevereiro de 2011

Máscaras I


Colette Calascione, Cat Mask, 2003


Helen Kane (1904 - 1906)


Lorenzo Lippi (1606 - 1664)

Espelhos II

Frantisek Kupka (1871 - 1957)


Mary Pickford 1920


Sidney Harold Meteyard, 1913, Half Sick od Shadows

Pesadelo Surrealista


La Comtesse de Castiglione (David Lodge, 2000)

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Rainha de Copas

Condessa de Castiglione como Queen of Hearts, de Pierre-Louis Pierson, 1861-63

"E assim sou, fútil e sensível, capaz de impulsos violentos e absorventes, maus e bons, nobres e vis, mas nunca de um sentimento que subsista, nunca de uma emoção que continue, e entre para a substância da alma. Tudo em mim é a tendência para ser a seguir outra coisa; uma impaciência da alma consigo mesma, como com uma criança inoportuna; um desassossego sempre crescente e sempre igual. Tudo me interessa e nada me prende. Atendo a tudo sonhando sempre; fixo os mínimos gestos faciais de com quem falo, recolho as entoações milimétricas dos seus dizeres expressos; mas ao ouvi-lo, não o escuto, estou pensando noutra coisa, e o que menos colhi da conversa foi a noção do que nela se disse, da minha parte ou da parte de com quem falei. Assim, muitas vezes, repito a alguém o que já lhe repeti, pergunto-lhe de novo aquilo a que ele já me respondeu; mas posso descrever, em quatro palavras fotográficas, o semblante muscular com que ele disse o que me não lembra, ou a inclinação de ouvir com os olhos com que recebeu a narrativa que me não recordava ter-lhe feito. Sou dois, e ambos têm a distância – irmãos siameses que não estão pegados."


Fernando Pessoa

La Castiglione


Virginia Elisabetta Luisa Carlotta Antonietta Teresa Maria Oldoïni (1837 – 1899), mais conhecida como La Castiglione, foi uma condessa italiana que ganhou notoriedade como amante do Imperador Napoleão III. Mas Virginia Oldoini foi também uma mulher singular para a sua época ao ter um papel significativo nos primórdios da história da fotografia.


Entre 1856 e 1895, a Condessa de Castiglione fez-se fotografar mais de 400 vezes pelo estúdio Mayer & Pierson, em Paris. E não se limitava a sentar-se quieta e deixar tudo nas mãos do fotógrafo, Pierre-Louis Pierson; era ela que decidia a pose e o cenário…


Entre as suas poses para a câmara contam-se uma freira, Medeia com uma faca, Beatriz, Judite a entrar na tenda de Holofernes, uma donzela afogada, Lady Macbeth sonâmbula, Ana Bolena, uma cortesã exibindo as suas pernas ou ainda um cadáver no caixão.


 

Antes de Claude Cahun  ou Cindy Sherman, La Castiglione já fazia ficção fotográfica com a sua própria imagem, e muito antes do Surrealismo, já Virginia criava identidades alternativas e usava espelhos para fragmentar e multiplicar imagens. Era obcecada pelos olhos. Numa fotografia, intitulada ''Os Olhos'' ela segura um pequeno espelho afastando-o do seu rosto de modo a aparecerem só os seus olhos.


Nascida no seio de uma família aristocrata de Florença, casou aos 17 anos com o Conde de Castiglione. Foi um enlace infeliz; Virginia traiu-o e arruinou-o financeiramente. Separados em 1857, a Condessa viveu a maior parte da sua vida com o seu filho Giorgio, em Paris, e seduzindo homens ilustres.

A sua vaidade era tão ou ainda mais famosa quanto a beleza. Enviava álbuns dos seus retratos a amigos e admiradores. Não dirigia a palavra às mulheres e vivia completamente fascinada por si própria, segura de que os outros também assim viviam. Os seus cúmplices predilectos: os espelhos.


É difícil perceber quando é que o narcisismo degenerou em loucura mas quando o marido tentou tirar-lhe o filho, a Condessa usou a sua fotografia como uma espécie de vudu: enviou-lhe um retrato seu (intitulado Vingança) enquanto Medeia, com um olhar assassino e empunhando uma faca a escorrer sangue; Giorgio ficou com a mãe. À medida que envelhecia e perdia a beleza, começou a fotografar partes do corpo isoladamente. A uma fotografia indelicada do seu pé deu o nome de “Amputação do Gruyere”. O seu mais bizarro retrato é aquele em que o seu corpo está num caixão, parecendo a fotografia ter sido tirada próximo da sua cabeça.


Virginia teve como projecto de vida um registo fotográfico de experiências fora de si, melhor dizendo, da sua identidade e, por fim, do seu próprio corpo. La Castiglione parecia obcecada em saber como os outros a veriam. Nos últimos anos da sua vida, a Condessa viveu reclusa no seu apartamento, decorado a preto fúnebre, de reposteiros cerrados, sem espelhos, só saindo à noite, envolta em véus. Morreu aos 62 anos de idade.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Basse Dance

A basse dance foi uma dança cortesã popular no século XV e princípios do século XVI, especialmente na corte da Borgonha.
Quando bailada, os pares moviam-se tranquila e graciosamente num lento movimento de deslizamento ou caminhar, levantando ou baixando os seus corpos - daí o nome da dança.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Os rostos de Simonetta


Simonetta Vespucci era considerada a mais bela mulher de Florença e o seu rosto serviu de inspiração para muitas obras de arte renascentistas. Na sua curta vida, a sua beleza tornou-a imortal.  La Bella Simonetta,  casada com um nobre da família Vespucci,  foi viver para Florença em 1474, com cerca de 15 anos.

Imagem de H Nyazi, do site Three Pipe Problem

Entre pintores, poetas e compositores, Simonetta criou quase que um culto à sua imagem, tanto em vida como após a sua morte. O seu rosto aparece incessantemente na pintura de Botticelli - embora esta ideia seja refutada por alguns historiadores de arte.


A Sem Par morreu aos 22 anos, de tuberculose. Botticelli continuou a pintá-la e, 34 anos depois, pediu para ser sepultado a seus pés, o que veio a acontecer já que o pintor se encontra sepultado na igreja da família Vespucci.


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Pau Casals

Filmado em 1954, na Abadia de Saint-Michel-de-Cuxa


J.S.Bach - Suite no 1 para violencelo - parte 1


J.S.Bach - Suite no 1 para violencelo - parte 2

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Solidão

"Só existe uma solidão. É grande e difícil de suportar. E quase todos nós conhecemos horas em que de bom grado a cederíamos a troco de qualquer convivência, por muito trivial e mesquinha que fosse; até pela simples ilusão de uma pequena coincidência com qualquer outro ser, mesmo com o primeiro que aparecesse, ainda que assim resultasse talvez menos digno. Mas acaso sejam estas, precisamente, as horas em que a solidão cresce – pois o seu desenvolvimento é doloroso como o crescimento das crianças e triste como o início da Primavera – ela, sem embargo, não deve desconcertá-lo, pois o único que, por certo, nos faz falta é isto: Solidão, grande e íntima solidão. Mergulhar em si mesmo e, durante horas e horas, não encontrar ninguém… Isto é o que importa conseguir. Estarmos sós, como estivemos sós quando éramos crianças, enquanto à nossa volta andavam os grandes de um lado para o outro, enredados em coisas que pareciam importantes e grandes, só porque eles se mostravam muito atarefados, e porque nós não entendíamos nada dos seus afazeres..."

Rainer Maria Rilke, in Cartas a um Jovem Poeta


sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Fausto

A primeira cena do filme de Murnau, Fausto, de 1926, sincronizada com uma peça de Vivaldi, cantada por Andreas Scholl.


Fausto (1926) - F. W. Murnau

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Enterro de Ophelia

Ophelia, Frances MacNair, 1898

Morreu, Vae a dormir, vae a sonhar... Deixai-a!
(Fallae baixinho: agora mesmo se ficou...)
Como padres orando, os choupos formam ala,
Nas margens do ribeiro onde ella se afogou...

Toda de branco vae, n'esse habito de opala,
Para um convento: não o que o Hamlet lhe indicou,
Mas para um outro, horror! que tem por nome Valla,
D'onde jamais saiu quem, lá, uma vez entrou!...

O lindo Por-do-Sol, que era doido por ella,
Que a perseguia sempre, em palacio e na rua,
Vede-o, coitado! mal pode suster a vela...

Como damas de honor, nymphas seguem-lhe os rastros,
E, assomando no céu, sua Madrinha, a Lua,
Por ella vae desfiando as suas contas, Astros!

António Nobre, in 'Só'

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Espelhos

O Espelho, 1936, de Paul Delvaux


Nusch Eluard with a mirror, 1935, de Man Ray


The Mirror, 1900, de Sir William Orpen

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Canto do Cisne

O cisne, quando sente ser chegada
A hora que põe termo à sua vida,
Música com voz alta e bem subida
Levanta pola praia inabitada.

Deseja ter a vida prolongada,
Chorando do viver a despedida;
Com grande saudade da partida,
Celebra o triste fim desta jornada.

Assi, Senhora minha, quando via
O triste fim que davam os meus amores,
Estando posto já no extremo fio,

Com mais suave canto e harmonia
Descantei polos vossos desfavores,
La vuestra falsa fe y el amor mío.

Luís Vaz de Camões

domingo, 6 de fevereiro de 2011

O Lago dos Cisnes

O Lago dos Cisnes é um ballet dramático, em quatro actos, do compositor russo Tchaikovsky.

Uma jovem é transformada em cisne e, para voltar à sua forma natural, precisa encontrar o amor verdadeiro. Encontra-o, na forma de um príncipe, mas ele acaba por ser seduzido pela sua "gémea malvada" - o Cisne Negro...

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Atrás não torna, nem, como Orfeu, volve

Atrás não torna, nem, como Orfeu, volve
Sua face, Saturno.
Sua severa fronte reconhece
Só o lugar do futuro.
Não temos mais decerto que o instante
Em que o pensamos certo.
Não o pensemos, pois, mas o façamos
Certo sem pensamento.

Ricardo Reis

Miss Time

Manifesto Anti-Dantas



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