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quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Quando se vir com água o fogo arder

Nadia Alamri



















Quando se vir com água o fogo arder,
Juntar-se ao claro dia a noite escura,
E a terra colocada lá na altura
Em que se vêem os céus prevalecer;

Quando Amor à Razão obedecer,
E em todos for igual uma ventura,
Deixarei de ver tal formosura,
E de amar deixarei depois de a ver.

Porém não sendo vista esta mudança
No mundo, porque, enfim, não pode ver-se,
Ninguém vendar-me queira de querer-vos.

Que basta estar em vós minha esperança,
E o ganhar-se a minha alma ou o perder-se,
Para dos olhos meus nunca perder-vos.


Luís de Camões

domingo, 8 de julho de 2012

A Torre

A Torre, Thoth Tarot Thoth, de Aleister Crowley

Horas breves de meu contentamento
Nunca me pareceu quando vos tinha,
Que vos visse mudadas tão asinha
Em tão compridos anos de tormento.

As altas tôrres, que fundei no vento,
Levou, em fim, o vento que as sostinha;
Do mal que me ficou a culpa é minha,
Pois sôbre cousas vãs fiz fundamento.

Amor com brandas mostras aparece:
Tudo possível faz, tudo assegura;
Mas logo no melhor desaparece.

Estranho mal! Estranha desventura!
Por um pequeno bem, que desfalece,
Um bem aventurar, que sempre dura.

Luís de Camões

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Canto do Cisne

O cisne, quando sente ser chegada
A hora que põe termo à sua vida,
Música com voz alta e bem subida
Levanta pola praia inabitada.

Deseja ter a vida prolongada,
Chorando do viver a despedida;
Com grande saudade da partida,
Celebra o triste fim desta jornada.

Assi, Senhora minha, quando via
O triste fim que davam os meus amores,
Estando posto já no extremo fio,

Com mais suave canto e harmonia
Descantei polos vossos desfavores,
La vuestra falsa fe y el amor mío.

Luís Vaz de Camões

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