terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Verdade e Ilusão


We create the illusions we need to go on. And one day, when they no longer dazzle or comfort, we tear them down, brick by glittering brick, until we are left with nothing but the bright light of honesty. The light is liberating. Necessary. Terrifying. We stand naked and emptied before it. And when it is too much for our eyes to take, we build a new illusion to shield us from its relentless truth.

Libba Bray

Imagens: Dreaming of another world, Tim Walker, Vogue Italia Março 2001

sábado, 17 de dezembro de 2011

Mundo é comédia

Dez figas para vós, pois com furtado
Consular nome vos chamais Prudência,
Se, fazendo co'o Mundo conferência,
Discursais, revolveis, e eis tudo errado!

Quem vos vir, Apetite, disfarçado,
Digno vos julgará de reverência;
E a vós, Ódio, por homem de consciência,
Vendo-vos tão sesudo e tão pesado.

Dois a dois, três a três e quatro a quatro,
Entram, de flamas tácitas ardendo,
Astutos Paladiões em simples Tróias.

Quem enganas, ó Mundo, em teu teatro?
A mi não, pelo menos, que estou vendo
Dentro do vestuário estas tramóias.

D. Francisco Manuel de Melo, soneto XI de A Tuba de Calíope, in Obras Métricas, tomo II


Baby of Macon, de Peter Greenway, 1993

domingo, 4 de dezembro de 2011

Flesh for Eve

Irina Ionesco

Em poltronas puídas, as cortesãs velhas,
Lívidas, pintadas, olhar terno e fatal,
Seduzindo e fazendo de suas orelhas
Cair um tilintar de pedras e metal;

Em redor do jogo, rostos encarquilhados,
Os lábios sem cor, as maxilas sem um dente,
Por febre infernal, os dedos congestionados,
Palpando a bolsa vazia ou o seio fremente;

Sob os sujos tectos uma fila de lustres
E de lamparinas, com a luz a projectar
Sobre as frontes medonhas de poetas ilustres
Que ali seus suores sangrentos vêm esbanjar;

Eis o negro cenário que em sonho nocturno
Vi desenrolar-se sob meu olhar cioso.
Eu próprio, num canto do antro taciturno,
Me vi pensativo, frio, mudo, invejoso,

Invejando a paixão dessa gente obstinada,
Dessas velhas putas a fúnebre destreza,
Todos galhardamente dando-me a chapada,
Quer do seu orgulho, quer da sua beleza!

E meu coração assustou-se de invejar
Gente correndo p'ró abismo, alucinada,
E que, ébria do seu sangue, prefere cortejar,
Em suma, a dor à morte e o inferno ao nada!


Charles Baudelaire
(tradução de jesimões)


quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Espelhos VIII

Tiziano (c.1488-90-1576)

Santiago Rusinol (1894)

Rubens, Vénus ao espelho (1614)

Richard Edward Miller (1920)

James Whistler (1834-1903)

John Byam Liston Shaw, Jezebel (1896)

Guy Rose (1867)

Wilhelm Gallhof (1918)

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Fiei-me nas promessas...

Fiei-me nas promessas que afectavas
Nas lágrimas fingidas que vertias,
Nas ternas expressões que me fazias,
Nessas mãos que as minhas apertavas.

Talvez, cruel, que, quando as animavas,
Que eram doutrem na ideia fingirias,
E que os olhos banhados mostrarias
De pranto, que por outrem derramavas.

Mas eu sou tal, ingrata, que, inda vendo
Os meus tristes amores mal seguros,
De amar-te nunca, nunca me arrependo.

Ainda adoro os olhos teus perjuros,
Ainda amo a quem me mata, ainda acendo
Em aras falsas, holocaustos puros.

Nicolau Tolentino




"Eye to eye stand winners and losers
Hurt by envy, cut by greed
Face to face with their own disillusion
The scars of old romances still on their cheeks
And when blow by blow the passion dies sweet little death
Just have been lies the memories of gone by time
Would still recall the lie (...)"

Propaganda - Duel

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Concerto para violino



Anne-Sophie Mutter, violino
London Symphony Orchestra

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Soneto moral

Silence, John Henry Fuseli, 1799-1801

Horas breves do meu contentamento
Nunca me pareceu, quando vos tinha,
Que vos visse mudadas tão asinha
Em tão compridos anos de tormento.

Os meus castelos, que fundei no vento,
O vento mos levou, que mos sostinha,
Do mal, que me ficou, a culpa é minha,
Pois sobre cousas vãs fiz fundamento.

Amor com falsas mostras aparece,
Tudo possível faz, tudo assegura,
E logo no melhor desaparece.

Oh dano grande, oh grande desventura!,
Que, por pequeno bem, que em fim falece,
Se aventura im bem que sempre dura!

Infante D.Luís (filho de D.Manuel I)



Artur Rubinstein - Liebestraum nº3 Liszt - 1954

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

"Le Tourbillon"


Jules et Jim, de François Truffaut, 1962

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Espelhos VII

Ruth Bernard, Virginia com espelho, 1967


Maura Sullivan, Retrato de Kamille


Reflexos, 1900


Clarence H. White, 1909


Vivien Leigh em Um Eléctrico Chamado Desejo, 1951


Tallulah Bankhead


Joanne Woodward, As 3 Faces de Eva, 1957


Jayne Mansfield


Marcel Marien, O Espelho Sábio


Imogen Cunningham, Jane e Alice e Imogen, 1940


Francesca Woodman


Erwin Blumenfeld


Cary Grant, 1944


Brigitte Bardot


Anónimo, 1860


Betty Lago por David Seidner, 1986


Peggy Guggenheim por Andre Kertesz, 1945


Alain Fleischer, 1984


Alice Bendo


Jane Burton

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Acordar

Tilda Swinton por Simon Annand


(...)
Nada para mim é tão belo como o movimento e as sensações.
A vida é uma grande feira e tudo são barracas e saltimbancos.
Penso nisto, enterneço-me mas não sossego nunca.

(...)

Minha dor é velha
Como um frasco de essência cheio de pó.
Minha dor é inútil
Como uma gaiola numa terra onde não há aves,
E minha dor é silenciosa e triste
Como a parte da praia onde o mar não chega.
Chego às janelas
Dos palácios arruinados
E cismo de dentro para fora
Para me consolar do presente.
Dá-me rosas, rosas,
E lírios também...

Mas por mais rosas e lírios que me dês,
Eu nunca acharei que a vida é bastante.
Faltar-me-á sempre qualquer coisa,
Sobrar-me-á sempre de que desejar,
Como um palco deserto.

(...)

Álvaro de Campos

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Weisse Maus




















O cabaret Weisse Maus (Rato Branco) abriu em 1919, na Jägerstraße 18, na movimentada área de Friedrichstadt em Berlim, ffamosa pelos seus clubes nocturnos e teatros de revista.

Pensa-se que o seu nome se deveu ao facto de estar situado na mesma rua que o cabaret Chat Noir (Gato Preto.

Era frequentado por todo o género de pessoas, desde caixeiros viajantes até criminosos, passando por casais idosos de província e grupos de intelectuais berlinenses.

Além dos números habituais de cabaret, eram exibidas, depois da meia-noite, danças de beldades nuas, insistindo Peter Sachse, o proprietário, que não havia qualquer intento pornográfico: "Procuramos somente a beleza".

Os clientes que desejassem ocultar as suas identidades, podiam optar pelo uso de uma máscara - branca ou preta.

domingo, 25 de setembro de 2011

Máscaras IV

Adolph de Meyer

Leonor Fini em Paris, 1937

Brigitte Bardot

Buster Keaton

Jean Arthur por Eugene Robert Richee

Marlene Dietrich, The Devil is a Woman, 1935

Meryl Streep por Annie Leibovitz, 1981

sábado, 24 de setembro de 2011

And I shall have some peace there...

And I shall have some peace there, for peace comes dropping slow,
Dropping from the veils of the morning to where the cricket sings;
There midnight’s all a-glimmer, and noon a purple glow,
And evening full of the linnet’s wings.

I will arise and go now, for always night and day
I hear lake water lapping with low sounds by the shore;
While I stand on the roadway, or on the pavements gray,
I hear it in the deep heart’s core.

William Butler Yeats, 1888
via The Fin de Siècle

Raoul Ubac, The Nebula, 1939

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Oramunde

domingo, 18 de setembro de 2011

Trova ao Amor e à Fortuna

Francis A. Willey

Amor e Fortuna são
Dous deuses que os antigos
Ambos os pintaram cegos:
Ambos não seguem rezão;
Ambos aos mores amigos
Dão mores desassossegos;
Ambos são sem piedade;
Ambos não lhe tomais tino
Do querer ou não querer;
Ambos não falam verdade:
Amor é cego minino,
Fortuna é cega mulher.

Sá de Miranda

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O Pássaro Azul


The Blue Bird, de Maurice Tourneur, 1918

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Esparsa

Ó meus castelos de vento
que em tal cuita me pusestes,
como me vos desfizestes!
Armei castelos erguidos,
esteve a fortuna queda,
e disse:– Gostos perdidos,
como is a dar tão grã queda!
Mas, oh! fraco entendimento!
em que parte vos pusestes
que então me não socorrestes?

Caístes-me tão asinha
caíram as esperanças;
isto não foram mudanças,
mas foram a morte minha.
Castelos sem fundamento,
quanto que me prometestes.
quanto que me falecestes!

Sá de Miranda
















Gutman & Gutman 1905

sábado, 3 de setembro de 2011

Caravaggio




domingo, 28 de agosto de 2011

Espelho Quebrado

Out flew the web and floated wide;
The mirror crack'd from side to side; 
"The curse is come upon me," 
cried The Lady of Shalott.

Tennyson

Dave Coba, broken, 2008

Dave Coba, broken, 2008

Esther Elenbas de Hartog, 1953-55

Paul Cava, Man Woman, 1998

Michael Thompson, 2009

Christopher Voelker

Brigitte Bardot em La Verité, de Henri-Georges Clouzot, 1960

Kiki de Montparnasse em L'étoile de mer, de Man Ray, 1928

Rita Hayworth em The Lady from Shangai, de Orson Welles, 1947


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