Mostrar mensagens com a etiqueta Barroco. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Barroco. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Sonata para Violino


de Jean-Marie Leclair (1697-1764)

sábado, 7 de abril de 2012

Pantomima


sábado, 17 de dezembro de 2011

Mundo é comédia

Dez figas para vós, pois com furtado
Consular nome vos chamais Prudência,
Se, fazendo co'o Mundo conferência,
Discursais, revolveis, e eis tudo errado!

Quem vos vir, Apetite, disfarçado,
Digno vos julgará de reverência;
E a vós, Ódio, por homem de consciência,
Vendo-vos tão sesudo e tão pesado.

Dois a dois, três a três e quatro a quatro,
Entram, de flamas tácitas ardendo,
Astutos Paladiões em simples Tróias.

Quem enganas, ó Mundo, em teu teatro?
A mi não, pelo menos, que estou vendo
Dentro do vestuário estas tramóias.

D. Francisco Manuel de Melo, soneto XI de A Tuba de Calíope, in Obras Métricas, tomo II


Baby of Macon, de Peter Greenway, 1993

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Fiei-me nas promessas...

Fiei-me nas promessas que afectavas
Nas lágrimas fingidas que vertias,
Nas ternas expressões que me fazias,
Nessas mãos que as minhas apertavas.

Talvez, cruel, que, quando as animavas,
Que eram doutrem na ideia fingirias,
E que os olhos banhados mostrarias
De pranto, que por outrem derramavas.

Mas eu sou tal, ingrata, que, inda vendo
Os meus tristes amores mal seguros,
De amar-te nunca, nunca me arrependo.

Ainda adoro os olhos teus perjuros,
Ainda amo a quem me mata, ainda acendo
Em aras falsas, holocaustos puros.

Nicolau Tolentino




"Eye to eye stand winners and losers
Hurt by envy, cut by greed
Face to face with their own disillusion
The scars of old romances still on their cheeks
And when blow by blow the passion dies sweet little death
Just have been lies the memories of gone by time
Would still recall the lie (...)"

Propaganda - Duel

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Soneto moral

Silence, John Henry Fuseli, 1799-1801

Horas breves do meu contentamento
Nunca me pareceu, quando vos tinha,
Que vos visse mudadas tão asinha
Em tão compridos anos de tormento.

Os meus castelos, que fundei no vento,
O vento mos levou, que mos sostinha,
Do mal, que me ficou, a culpa é minha,
Pois sobre cousas vãs fiz fundamento.

Amor com falsas mostras aparece,
Tudo possível faz, tudo assegura,
E logo no melhor desaparece.

Oh dano grande, oh grande desventura!,
Que, por pequeno bem, que em fim falece,
Se aventura im bem que sempre dura!

Infante D.Luís (filho de D.Manuel I)



Artur Rubinstein - Liebestraum nº3 Liszt - 1954

terça-feira, 5 de julho de 2011

Bransle de village


Poème Harmonique - dir. Vincent Dumestre

quinta-feira, 21 de abril de 2011

A F., agradecendo-lhe umas rosas

Estes mimos da luz, do campo alarde,
Mariposas do Sol, línguas da Aurora,
Sendo alinhos de Abril, troféos de Flora,
São galas na manhã, lutos na tarde.

Sem que do fado insano o Sol as guarde,
Marchita as flores, quando as enamora,
Pois cada rosa que com luzes dora
É borboleta que nas chamas arde.

Fílis, mais do que amante, andais ingrata,
Querendo dos rigores fazer moda,
Embuçando o favor na tirania,

Pois, no caduco ser desta escarlata,
Dais a um amor, que dura a vida toda,
Um galardão que apenas dura um dia.

Francisco de Vasconcelos


Kenneth Frazier (1867 - 1949), Woman with a Rose

terça-feira, 12 de abril de 2011

Palco

All the world's a stage,
And all the men and women merely players:
They have their exits and their entrances;
(...)


William Shakespeare, As You like It



"Le Roi Danse", de Gérard Corbiau
Le Triomphe de l'amour - Prélude de la nuit, de Jean-Baptiste Lully

A uma crueldade formosa

A minha bela ingrata
Cabelo de ouro tem, fronte de prata,
De bronze o coração, de aço o peito;
São os olhos luzentes
(Por quem choro e suspiro,
Desfeito em cinza, em lágrimas desfeito),
Celestial safiro;
Os beiços são rubins, perlas os dentes;
A lustrosa garganta
De mármore polido;
A mão de jaspe, de alabastro a planta.
Que muito, pois, Cupido,
Que tenha tal rigor tanta lindeza,
As feições milagrosas,
Para igualar desdéns a formosuras,
De preciosos metais, pedras preciosas,
E de duros metais, de pedras duras?

Jerónimo Baía

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Ninguém é Deus sobre esta Terra


"Le Roi Danse", de Gérard Corbiau

sábado, 1 de janeiro de 2011

Yo soy la locura


La Folia: Yo soy la Locura - Henri du Bailly (? - 1637)
voz de Montserrat Figueras

Yo soy la locura,
la que sola infundo
placer y dulzura
y contento al mundo.

Sirven a mi nombre
todos mucho o poco,
y no, no hay hombre
que piense ser loco.

domingo, 5 de dezembro de 2010

A Folia


Arcangelo Corelli: Sonata No.12 em d Menor, La Follia, Parte 1
Eduard Melkus- Violin
Capella Academica Wien 1973

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A F., Favorecendo com a boca e desprezando com os olhos

Quando o sol nasce e a sombra principia,
A doce abelha, a borboleta airosa
Procura luz ardente e fresca rosa
Que faz a terra céo e a noite, dia.

Mas quando à flor se entrega, à luz se fia,
Uma fica infeliz outra ditosa;
Pois vive a abelha e morre a mariposa
Na favorável rosa e chama ímpia.

Fílis, abelha sou, sou borboleta,
Que com afecto igual, com igual sorte,
Busco em vós melhor luz, flor mais selecta;

Mas quando a flor é branda, a chama é forte,
Néctar acho na flor, na luz cometa,
A boca me dá vida, os olhos morte.

Jerónimo Baía

Georges de La Tour, Maria Madalena, c. 1625-1650

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Vagheggiar


Nathalie Dessay- area de alcina "Tornami a vagheggiar" - Handel

domingo, 21 de novembro de 2010

O colchão dentro do toucado



















Chaves na mão, melena desgrenhada,
Batendo o pé na casa, a Mãe ordena
Que o furtado colchão, fofo e de pena,
A filha o ponha ali ou a criada.

A filha, moça esbelta e aperaltada
Lhe diz co´a doce voz que o ar serena:
“Sumiu-se-lhe um colchão, é forte pena!
Olhe não fique a casa arruinada …”

“Tu respondes assim? Tu zombas disto?
Tu cuidas que, por ter pai embarcado,
Já a mãe não tem mãos?” E dizendo isto,
Arremete-lhe á cara e ao penteado.
Eis senão quando (caso nunca visto)
Sai-lhe o colchão de dentro do toucado.

Nicolau Tolentino

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

À fragilidade da vida

Esse baixel nas praias derrotado
Foi nas ondas Narciso presumido;
Esse farol nos céus escurecido
Foi do monte libré, gala do prado.

Esse nácar em cinzas desatado
Foi vistoso pavão de Abril florido;
Esse Estio em Vesúvios encendido
Foi Zéfiro suave, em doce agrado.

Se a nau, o Sol, a rosa, a Primavera
Estrago, eclipse, cinza, ardor cruel
Sentem nos auges de um alento vago,

Olha, cego mortal, e considera
Que és rosa, Primavera, Sol, baixel,
Para ser cinza, eclipse, incêndio, estrago.
Francisco de Vasconcelos (1665-1723), FÉNIX RENASCIDA III















William Dyce, Omnia Vanitas
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...