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quinta-feira, 21 de abril de 2011

A F., agradecendo-lhe umas rosas

Estes mimos da luz, do campo alarde,
Mariposas do Sol, línguas da Aurora,
Sendo alinhos de Abril, troféos de Flora,
São galas na manhã, lutos na tarde.

Sem que do fado insano o Sol as guarde,
Marchita as flores, quando as enamora,
Pois cada rosa que com luzes dora
É borboleta que nas chamas arde.

Fílis, mais do que amante, andais ingrata,
Querendo dos rigores fazer moda,
Embuçando o favor na tirania,

Pois, no caduco ser desta escarlata,
Dais a um amor, que dura a vida toda,
Um galardão que apenas dura um dia.

Francisco de Vasconcelos


Kenneth Frazier (1867 - 1949), Woman with a Rose

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

À fragilidade da vida

Esse baixel nas praias derrotado
Foi nas ondas Narciso presumido;
Esse farol nos céus escurecido
Foi do monte libré, gala do prado.

Esse nácar em cinzas desatado
Foi vistoso pavão de Abril florido;
Esse Estio em Vesúvios encendido
Foi Zéfiro suave, em doce agrado.

Se a nau, o Sol, a rosa, a Primavera
Estrago, eclipse, cinza, ardor cruel
Sentem nos auges de um alento vago,

Olha, cego mortal, e considera
Que és rosa, Primavera, Sol, baixel,
Para ser cinza, eclipse, incêndio, estrago.
Francisco de Vasconcelos (1665-1723), FÉNIX RENASCIDA III















William Dyce, Omnia Vanitas
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