Porém, mal entrevi o meu retrato,
que foi olhar e as águas do regato
se turbaram, manchadas do meu lodo.
Depois, cavei cá dentro com denodo;
perfumei-me de flores azuis do mato;
e, quando cri expulso o lodo inato,
mais uma vez curvei o meu corpo todo.
E as águas tardaram em toldar...
Mas debruço-me ainda, pois espero
que me hão-de um dia, claras, espelhar.
Tanto faz ver-me belo ou feio, então;
só cristalinas, límpidas, as quero,
prà tua sede antiga, meu Irmão.
Sebastião da Gama, Itinerário Paralelo
Alejandro Cano Bolado