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quinta-feira, 10 de maio de 2012

Amigo! Amigo!...

August Bromse - Paraíso Perdido 1902


















Lembras-te do jardim irreal e triste?
Do lago onde boiavam peixes de jade?
Existe ainda esse jardim irreal e triste?
Para voltar sempre parece tarde.

Dormias como um deus sobre anénomas brancas:
Como eras tão jovem, tão simples, tão claro!...
Teu rosto e tuas mãos eram anénomas brancas.
Só a memória guarda o teu retrato.

Que fizemos do nosso único momento?
Do grande? do verdadeiro, do exacto?
Agora o que há entre nós não tem momento;
Está fora do tempo e do espaço.

Maria Manuela Couto Viana

in As Folhas de Poesia Távola Redonda, Boletim Cultural VI Série Nº11 Outubro de 1988, Fundação Calouste Gulbenkian

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Nocturno do morro do encanto

August Bromse - Life Escaping - série "The Girl and Death" 1902


Este fundo de hotel é um fim de mundo!
Aqui é o silêncio que tem voz. O encanto
Que deu nome a este morro põe no fundo
De cada coisa o seu cativo canto.

Ouço o tempo, segundo por segundo.
Urdir a lenta eternidade. Enquanto
Fátima ao pó das estrelas sitibundo
Lança a misericórdia do seu manto.

Teu nome é uma lembrança tão antiga,
Que não tem som nem cor, e eu, miserando,
Não sei mais como o ouvir, nem como o diga.

Falta a morte chegar... Ela me espia
Neste instante talvez, mal suspeitando
Que já morri quando o que eu fui morria.


Petrópolis 21-3-1953

Manuel Bandeira
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