quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Soneto CXXIII

Arnold Boecklin, 1872

Não te gabes ó Tempo de que mudando venho:
Pirâmides ergueste e com maior potência,
mas pra mim nada têm de novo nem de estranho,
de coisa há muito vista são só outra aparência.
Contudo admiramos, em nossas vidas breves,
quanto velho por novo tu já nos tens vendido,
e que se ajuste ao nosso desejo lhe prescreves
mais que o pensarmos nós tê-lo antes conhecido.
Mas não me surpreendem passado nem presente
e a ti e a teus arquivos eu desafio audaz,
mentem os teus registos, o que nós vemos mente
que a tua eterna pressa maior ou menor faz:
  Voto de ser fiel pra sempre faço aqui,
  mau grado a tua foice e apesar de ti.


William Shakespeare
Tradução: Vasco Graça Moura
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