sexta-feira, 3 de junho de 2011

Pierrot e a Rosa

Pierrot Malade, de Federico Beltran-Masses
Pintura descoberta aqui: art-magique


A vista incerta
Os ombros langues,
Pierrot aperta
As mãos exangues
De encontro ao peito.

Alguma cousa
O punge ali
Que ele não ousa
Lançar de si,
O pobre doido.

Uma sombria
Rosa escarlata
Em agonia
Faz que lhe bata
O coração...

Sangrenta rosa
Que evoca a louca,
A voluptuosa,
Volúvel boca
De sua amada...

Ah, com que mágoa
Com que desgosto
Dois fios de água
Lavam-lhe o rosto
De faces lívidas!

Da veste branca
À larga túnica
Por fim arranca
A rosa púnica
Em um soluço.

E parecia
Jogando ao chão
A flor sombria,
Que o coração
Ele arrancara!..


Manuel Bandeira



Pierrot le Fou, de Jean-Luc Godard
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