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sábado, 27 de outubro de 2012

Cacida da Mulher Estendida

John Swannel, 1985

Despida ver-te é recordar a terra.
A terra lisa, limpa de cavalos.
A terra sem um junco, forma pura
ao futuro cerrada: argêntea fímbria.

Despida ver-te é compreender a ânsia
da chuva que procura débil talhe,
ou a febre do mar de imenso rosto
sem a luz encontrar de sua face.

O sangue soará pelas alcovas
e virá com espada fulgurante,
mas tu não saberás onde se oculta
o coração de sapo ou a violeta.

Teu ventre é uma luta de raízes,
teus lábios, uma aurora sem contorno,
por sob as rosas tépidas da cama
os mortos gemem esperando vez.

Federico García Lorca, in 'Divã do Tamarit'
Tradução de Oscar Mendes

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Choro da guitarra

Começa o choro
da guitarra.
Partem-se as copas
da madrugada.
Começa o choro
da guitarra.
é inútil calá-la.
É impossívél
calá-la.
Chora monótona
como chora a água,
como chora o vento
sobre a nevada.
É impossível
calá-la.
Chora por coisas
distantes.
Areia quente do sul
pedindo camélias brancas.
Chora a flecha sem alvo,
a tarde sem manhã,
e o primeiro pássaro morto
nas ramadas.
Oh, guitarra!
Coração malferido
por cinco espadas.

Federico Garcia Lorca (Tradução de Eugénio de Andrade)



Mudar de Vida - Carlos Paredes, com Luísa Amaro na Viola e Pedro Curado na Flauta, em 1992 no Teatro São Luís, em Lisboa.
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